Archive for the ‘MPB’ Category

59 – Elizeth Cardoso – Canção do Amor Demais (1958)

maio 26, 2009

Em 1958 era lançado um LP que seria considerado como o marco inicial da Bossa Nova. Canção do Amor Demais, com Elizete Cardoso, tornou-se um disco histórico na música popular brasileira por ter revelado pela primeira vez a batida do violão de João Gilberto. Com 13 canções de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, Canção do Amor Demais (relançado em 1998). Gravado pelo selo Festa, do jornalista Irineu Garcia, dois anos depois da estréia da peça Orfeu da Conceição, que marcou o início da parceria de Tom e Vinicius, Canção do Amor Demais é, segundo o poeta no texto do encarte, ”a maior prova que podemos dar da sinceridade dessa amizade e dessa parceria. A partir dos sambas de Orfeu da Conceição, raras têm sido as vezes em que, de um encontro meu com o maestro, não resulta alguma composição nova, por isso que eu creio ser essa a verdadeira linguagem da nossa relação.(…) E nunca houve entre nós quaisquer reservas no sentido de um tirar o outro de um impasse durante o trabalho. É possível mesmo que tudo isso se deva ao fato de que ele crê na poesia da música e eu creio na música da poesia”. É ainda Vinicius quem explica porque Elizete Cardoso foi convidada para cantar no LP: ”É claro que, por ela interpretado, ele nos acrescenta ainda mais, pois fica sendo a obra conjunta de três grandes amigos; a gente que se quer bem para valer; gente que pode, em qualquer circunstância, contar um com o outro; gente, sobretudo, se danando para estrelismos e vaidades e glórias. Mas a diversidade dos sambas e canções exigia também uma voz particularmente afinada; de timbre popular brasileiro mas podendo respirar acima do puramente popular…E assim foi que a Divina impôs-se como a lua para uma noite de serenata”. Gravado com uma roupagem orquestral altamente sofisticada, como explicou o jornalista Sérgio Augusto no Cancioneiro Jobim (2000), encorpada por instrumentos (trompa, oboé, harpa, fagote, clarone) raramente usados para acompanhar músicas populares, o por vezes camerístico Canção do Amor Demais contou com a participação muito especial – em duas faixas (Chega de Saudade e Outra Vez) – de um baiano chamado João Gilberto, cujo violão não tinha, sem hipérbole, similar, e de quem muito se ouviria falar nos meses, anos e décadas seguintes”. Além de João Gilberto, Tom Jobim escolheu também outros músicos de sua preferência, como o flautista Copinha, os trombonistas Gaúcho e Maciel, a violoncelista Nídia Soledade e o baterista Juca Stockler. No repertório, nove músicas de Tom e Vinicius (Chega de Saudade, Caminho de Pedra, Luciana, Janelas Abertas, Eu não Existo sem Você, Estrada Branca – só com Elizete e Tom ao piano -, Vida Bela, Modinha, Canção do Amor Demais); duas de Tom (As Praias Desertas e Outra Vez) e duas de Vinicius (Serenata do Adeus e Medo de Amar). À exceção de Outra Vez e Eu não Existo sem Você, todas eram inéditas em disco. Anos depois, em Carta ao Tom 74, música composta com Toquinho, Vinicius de Moraes relembraria este momento marcante de sua vida: ”Rua Nascimento Silva 107, você ensinando pra Elizete as canções de Canção do Amor Demais/Lembra que tempo feliz ai que saudade/Ipanema era só felicidade/era como se o amor morresse em paz”.

Faixas:

01. CHEGA DE SAUDADE ( Autor: TOM JOBIM / VINÍCIUS DE MORAES )
02. SERENATA DO ADEUS ( Autor: VINÍCIUS DE MORAES )
03. AS PRAIAS DESERTAS ( Autor: TOM JOBIM )
04. CAMINHO DE PEDRA ( Autor: TOM JOBIM / VINÍCIUS DE MORAES )
05. LUCIANA ( Autor: TOM JOBIM / VINÍCIUS DE MORAES )
06. JANELAS ABERTAS ( Autor: TOM JOBIM / VINÍCIUS DE MORAES )
07. EU NÃO EXISTO SEM VOCÊ ( Autor: TOM JOBIM / VINÍCIUS DE MORAES )
08. OUTRA VEZ ( Autor: TOM JOBIM
09. MEDO DE AMAR ( Autor: VINÍCIUS DE MORAES )
10. ESTRADA BRANCA ( Autor: TOM JOBIM / VINÍCIUS DE MORAES )
11. VIDA BELA ( Autor: TOM JOBIM / VINÍCIUS DE MORAES ) 2m10s
12. MODINHA ( Autor: TOM JOBIM / VINICIUS DE MORAES ) 2m03s
13. CANÇÃO DO AMOR DEMAIS ( Autor: TOM JOBIM / VINÍCIUS DE MORAES )

Elizeth Cardoso – Canção do Amor Demais (1958)

60 – Gilberto Gil e Jorge Ben – Ogum Xangô (1975)

maio 26, 2009

Peguem dois caras no auge da criatividade, enfiem num estúdio e gravem eles tocando o que quiserem até passar a brisa. É assim que funciona este CD.

Gil & Jorge – Ogum – Xangô é o décimo segundo álbum do cantor brasileiro Jorge Ben e o décimo álbum de Gilberto Gil. Foi lançado em LP em 1975.
Gravado depois de um breve ensaio e com apenas dois violões (e um percussionista) no acompanhamento, Gil & Jorge foca os talentos individuais de Gilberto Gil e Jorge Ben Jor como músicos, vocalistas, interpretes e improvisadores. o disco é uma prova de que eles estão mais do que habilitados pra realizar a tarefa. As nove faixas, todas bem longas (o album foi originalmente pensado como duplo), mostram Gil e Ben interagindo em um nivel tão esplendido, e com tamanha empatia, que chegam a criar linhas musicais que se repetem várias vezes. As faixas mais notáveis – “Nega”, “Taj Mahal” e “Meu Glorioso São Cristovão” – são extraordinariamente rítmicas e possuem as características contagiantes e tradicionais da musica popular brasileira. É quase uma hora e meia passada de forma idílica.

Músicas:
1. Meu glorioso São Cristóvão (Jorge Ben)

2. Nega (Gilberto Gil)

3. Jurubeba (Gilberto Gil)

4. Quem mandou (Pé na estrada) (Jorge Ben)

5. Taj mahal (Jorge Ben)

6. Morre o burro, fica o homem (Jorge Ben)

7. Essa é pra tocar no rádio (Gilberto Gil)

8. Filhos de Gandhi (Gilberto Gil)
9. Sarro (Jorge Ben – Gilberto Gil)

Gilberto Gil e Jorge Ben – Ogum Xangô (1975) Parte 01
Gilberto Gil e Jorge Ben – Ogum Xangô (1975) Parte 02

61 – Jorge Ben – Força Bruta (1970)

maio 25, 2009


O cantor e compositor carioca é um caso especial na música brasileira. Construiu seu estilo a partir da mistura de MPB com gêneros importados. Nos anos 60, interpretava sambas ao violão como se estivesse tocando rock pauleira. “Quando ouvi Samba Esquema Novo, disco de estréia de Jorge Ben Jor, passei meses sem pegar no violão. Só queria ouvi-lo”, lembra Gilberto Gil. O namoro com o rock foi estreitado em discos como O Bidú, de 1967, em que se fez acompanhar pelo grupo de iê-iê-iê The Fevers. No início dos anos 70, o cantor exaltou a negritude e a vida dos subúrbios cariocas nos trabalhos Força Bruta (1970), Negro É Lindo (1971) e Ben (1972). “Ben Jor falou da periferia com orgulho”, diz Marcelo Yuka, ex líder do grupo O Rappa. A década de 70 assistiu também às fusões do cantor com o funk, o reggae e até a música africana. Os álbuns dessa fase ajudaram a definir a cara do pop nacional dos anos 80 e 90. Neste disco o mestre Jorge Ben traz a batida absolutamente suingada que marca seu estilo numa série de canções únicas, cantadas com em sua voz macia cheia de beleza. Com participação especial do Trio Mocotó, este álbum traz algumas canções que ficariam inesquecíveis no imaginário musical brasileiro, como “Oba, Lá Vem Ela”, “O Telefone Tocou Novamente” e “Mulher Brasileira”, além da faixa-título, que fecha o disco em alta, cantada lindamente. Um grande disco, cheio de suingue e sentimento.

Musicas:

1. Oba, Lá Vem Ela

2. Zé Canjica
3. Domênica Domingava Num Domingo Linda Toda de Branco
4. Charles Jr.
5. Pulo Pulo
6. Aparece Aparecida
7. O Telefone Tocou Novamente
8. Mulher Brasileira
9. Terezinha
10. Força Bruta

Jorge Ben – Força Bruta (1970)

62 – Marisa Monte – MM (1989)

maio 25, 2009

Estudou canto, piano e bateria na infância. Na adolescência participou do musical Rock Horror Show, dirigido por Miguel Falabella, com alunos do Colégio Andrews, mas nunca abandonou o estudo de canto lírico, iniciado aos catorze anos.
Aos dezenove, mudou-se para a Itália, mais especificamente para Roma, onde durante dez meses estudou belcanto, do qual desistiu em seguida, passando a fazer apresentações em bares e casas noturnas cantando música brasileira acompanhada de amigos. Um desses espetáculos foi assistido pelo produtor musical Nelson Motta, que se tornou diretor do primeiro show no Rio de Janeiro, em 1987.


O primeiro disco de Marisa Monte (Marisa Monte – EMI – 1989) contava com as músicas que ela gostava de cantar em seus shows. Este trabalho dá um grande destaque para a veia de intérprete de Marisa. Foi fazendo versões de canções já consagradas que ela despertou a atenção do público em suas apresentações antes de tornar-se um fenômeno na música popular brasileira. Mas mesmo nesta época, quando ainda não era conhecido o seu talento para compor, já podia-se observar sua personalidade musical, seu estilo muito particular de dar vida às canções.

Este primeiro álbum, produzido por Lula Buarque de Hollanda e dirigido por Nelson Motta (seu “descobridor”) e Walter Moreira Salles, tem no repertório o primeiro sucesso estrondoso de Marisa Monte: “Bem que se quis”, uma versão de Nelson Motta do clássico de Pino Daniele, música que a tornou conhecida do grande público ao entrar na trilha sonora da novela “O Salvador da Pátria”.

Musicas:

1. Comida (Antunes, Britto, Frommer)
2. Bem Que Se Quis (Daniele, Motta)
3. Chocolate (Maia)
4. Ando Meio Desligado (Baptista, Baptista, Lee)
5. Preciso Me Encontrar (Candeia)
6. O Xote das Meninas (Dantas, Gonzaga)
7. Negro Gato (Cortes)
8. Lenda das Sereias, Rainha Do Mar (Dinoel, Mattos, Velloso)
9. South American Way (Dubin, McHugh)
10. I Heard It Through the Grapevine (Strong, Whitfield)
11. Bess, You Is My Woman Now (Gershwin, Gershwin, Heyward)
12. Speak Low (Nash, Weill)

Marisa Monte – MM (1989)

63 – Milton Nacimento – Milagre dos Peixes (1973)

maio 25, 2009

Lançado no começo dos anos 70, mais precisamente em 73, este álbum de um dos ícones da MPB destaca as faixas “Os Escravos De Jó” e “Hoje è Dia De El-Rey”, além da belíssima faixa-título

Nascido no Rio, foi para Três Pontas (MG) com menos de dois anos de idade, na companhia dos pais adotivos. Portanto, mesmo sendo carioca, tornou-se conhecido como o principal responsável pela projeção da moderna música de Minas Gerais. Desde cedo tinha consciência de sua voz extraordinária e começou aos 13 anos como crooner, profissão que buscou resgatar recentemente com o CD “Crooner”, de 1999. Na adolescência integrou o conjunto Luar de Prata com Wagner Tiso, cuja mãe lhe deu as primeiras noções de piano. Trabalhou na Rádio Três Pontas como DJ, locutor e diretor e em 1963 e 64 participou do grupo W’s Boys, que se denominava assim porque os nomes de todos os integrantes começavam com W: Wagner (Tiso), Waltinho, Wilson, Wanderley, o que obrigou Milton a se tornar “Wilton” por algum tempo. Transferiu-se para Belo Horizonte a fim de estudar Economia, e lá conheceu alguns músicos que viriam a ser seus parceiros, como Márcio Borges, seu irmão Lô Borges e Fernando Brant. Na capital mineira participou de diversos conjuntos e foi em 1965 para o Rio de Janeiro, onde chegou a gravar com o grupo Sambacana. Participou de festivais em 1966 e 67, quando obteve o segundo lugar com “Travessia”, sua e de Fernando Brant, e ganhou o prêmio de melhor intérprete. Gravou o primeiro disco nesse mesmo ano, viajando em seguida para os Estados Unidos, onde grava “Courage”, em 1968. A partir daí gravou discos que marcarm época, como “Milton”, “Minas”, “Gerais” “Milagre dos Peixes” e os dois volumes de “Clube da Esquina”, que acabaram intitulando toda a geração mineira emergente; Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, Wagner Tiso, Nivaldo Ornellas, Nelson Ângelo, Tavito e outros. Nos anos 70 teve algumas músicas censuradas pelo regime militar e gravou outros discos nos EUA, com a participação de Airto Moreira, Herbie Hencock, Wayne Shorter e outros. É considerado, tanto no Brasil quanto no exterior, um dos maiores cantores da música brasileira, além de ser um compositor consagrado, que influenciou toda uma geração de músicos.

1 – Os Escravos de Jó
2 – Carlos, Lucia, Chico e Thiago

3 – Milgre dos Peixes

4 – A Chamada

5 – Pablo Nº2 (Festa)

6 – Tema dos Deuses

7 – Hoje é dia de Del Rey

8 – A Última Sessão de Música

9 – Cadê?

10 – Sacramento

11 – Pablo
Milton Nascimento Milagre dos Peixes 1973

64 – Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale – Show Opinião (1965)

maio 21, 2009


Show Opinião é o registro dos momentos mais emocionantes do espetáculo que se tornou o maior sucesso do teatro brasileiro, na voz de Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale. São 24 faixas com a produção de Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes e Pichinpla, e direção musical de Dorival Caymmy Filho, entre elas, os grandes sucessos populares “Opinião”, “Carcará”, “Noticiário de Jornal”, “Tiradentes”, entre outros. Confira!

Lista de Músicas:

  1. Peba na Pimenta
  2. Trecho de Pisa na Fulô
  3. Trecho de Samba, Samba, Samba
  4. Trechos de Partido Alto
  5. Borandá
  6. Desafio
  7. Missa Agrária
  8. Carcará
  9. O Favelado
  10. Nega Dina
  11. Incelença
  12. Trecho de Deus e o Diabo na Terra do Sol
  13. Guantanamera (Guajira Guantanamera)
  14. Trecho da Canção do Homem Só
  15. Sina de Caboclo
  16. Opinião
  17. Trecho de Mal-Me-Quer
  18. Trecho de Marcha de Rio, 40 Graus
  19. Malvadeza Durão
  20. Trecho de Esse Mundo É Meu
  21. Trecho de Deus e o Diabo Na Terra do Sol
  22. Trecho da Marcha da Quarta-Feira de Cinzas
  23. Tiradentes
  24. Cicatriz
Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale – Show Opinião

65 – Nelson Cavaquinho – Nelson cavaquinho (1973)

maio 21, 2009

Um disco do Nélson Cavaquinho recheado de clássicos. Juízo Final, Folhas Secas, A Flor e o Espinho, Quando eu me Chamar Saudade, entre outras. No entanto as músicas que destaco não é nenhuma delas. Caminhando, um grande choro em que Nelson volta a tocar o instrumento que seguia o seu nome, o cavaquinho. E a outra faixa que merece atenção é Visita Triste, talvez um dos mais belos sambas do “lado B” da dupla Nélson e Guilherme de Brito. Veja abaixo a entrevista que acompanhava o LP feita por Sérgio Cabral.

SÉRGIO CABRAL – Nélson, você tem certos parceiros que são “quentes” e outros não. Com quem você gosta de fazer música?
NÉLSON CAVAQUINHO – Eu comecei fazendo música sozinho. Naquele tempo, havia os cobras, a turma do Café Nice, o Wilson Batista, aquele pessoal. Um dos meus primeiros parceiros foi Evaldo Rui, que fez comigo “Aquele bilhetinho”.
SÉRGIO – Mas o nome dele não aparece no samba. Aparecem outros.
NÉLSON CAVAQUINHO – Mas ele fez a letra. Tivemos um encontro na casa da Eliseth Cardoso e ficamos amigos. Ele fez depois uma outra letra pra melodia minha. Foi um dos melhores letristas que conheci. Agora, meu parceiro mesmo é o Guilherme de Brito, meu grande amigo, e está neste disco cantando comigo pela primeira vez.
SÉRGIO – Como foi que vocês dois se conheceram?
NÉLSON CAVAQUINHO – Eu estava sempre em Ramos. Naquele tempo eu não estava bem. Eu tinha me casado e o casamento ia mal. Bem que meus pais me avisaram: Nélson, ainda é muito cedo pra você se casar”. Minha casa não tinha nada. Nem sabonete pra tomar banho. Puxa, estou mudando de assunto. Naquele tempo, eu estava tocando violão num botequim perto do Parasitas de Ramos. Começamos a fazer música e continuamos até hoje. Ficamos amigos também. Às vezes eu chegava de ressaca na casa do Guilherme e a família dele botava uma esteira pra eu dormir.
SÉRGIO – Nesse disco, você grava pela primeira vez tocando cavaquinho. Há quanto tempo você não tocava esse instrumento que, afinal, lhe deu um outro sobrenome?
NÉLSON CAVAQUINHO – Comecei tocando cavaquinho, na Gávea. Os meus primeiros cachês de cinco mil réis, foram ganhos com cavaquinho, nuns shows arranjados pelo Ricardo, que já morreu — Deus o tenha no Reino da Glória. Havia uma turma que fazia choro pra derrubar, mas eu fiz um que derrubei todo mundo. Aí, eles passaram a acreditar mais em mim. Há pouco tempo, chegou um camarada no Teatro Opinião e falou assim: “Ô Nélson, eu não vim aqui pra ver você tocar violão, eu quero é ver você tocar cavaquinho”. O cara estava de pileque, estava cheio de alpiste, de maneira que queria porque queria me ver tocando cavaquinho. E eu falava: “Rapaz, eu não toco mais isso”. Quase acabaram botando o cara pra fora do teatro.
SÉRGIO – Mas você acabou gravando com cavaquinho.
NÉLSON CAVAQUINHO – Pois é, o cara perguntava: “Você não é o Nélson Cavaquinho? Tem que tocar cavaquinho”. Por causa disso, acabei tocando neste disco um choro meu chamado “Caminhando”.
SÉRGIO – E como é que você se sentiu tocando cavaquinho?
NÉLSON CAVAQUINHO – Eu me senti bem. O Dino do violão falou assim pra mim: “Nélson, sola o choro pra eu aprender”. Eu toquei e o Dino entrou direitinho com o violão. E fui em frente. Porque pobre não vai só em frente quando a polícia corre atrás, não. Fui em frente mesmo.
SÉRGIO – Você compôs este choro com cavaquinho ou com violão?
NÉLSON CAVAQUINHO – Olha, Sérgio, eu nunca fiz uma música pegando instrumento, sabe? As minhas melhores músicas, como “Notícia”, foram feitas no botequim. Às vezes, eu sonho que estou fazendo uma música bonita mais quando acordo não me lembro mais de nada. Agora, alguns amigos vão me dar um gravador de presente no dia do meu aniversário, 28 de outubro. Vai ficar mais fácil. Gravo a melodia, depois ponho a letra.
SÉRGIO – Você vai fazer 62 anos, não é?
NÉLSON CAVAQUINHO – Não, 63.
SÉRGIO – Que isso, Nélson? 62 anos.
NÉLSON CAVAQUINHO – É 63 mesmo.
SÉRGIO – Em que ano você nasceu?
NÉLSON CAVAQUINHO – Em 1911.
SÉRGIO – Então, 62 anos.
NÉLSON CAVAQUINHO – Que bom, rapaz, ganhei mais um ano de vida. Meu velho morreu com 72 anos. Não sei se chegarei lá ou não. Eu espero chegar lá, se Deus quiser.
SÉRGIO – Mas como é que você faz pra se lembrar da melodia, quando você compõe no bar, por exemplo, já meio de pileque?
NÉLSON CAVAQUINHO – Quando eu gosto mesmo, não me esqueço. Às vezes, faço um acorde no violão e penso assim: “por este acorde vou me lembrar amanhã da melodia”.
SÉRGIO – Este disco está muito bom inclusive porque você aparece tocando violão em quase todas as músicas.
NÉLSON CAVAQUINHO – É, o Pelão fez questão que eu tocasse violão também. A minha voz você sabe, é rouca mesmo. Mas o… como é mesmo o nome daquele homem lá da América do Norte? Ah, o Armstrong ele também era rouco. Há pessoas que gostam mais da minha voz do que a de muitos cantores por aí. Não sei porque, acho que é porque eu sinto. Há cantores que mataram a minha música. Eu tenho sentimento quando eu canto.
Músicas:

1 – Juizo final (Élcio Soares – Nelson Cavaquinho)
2 – Folhas secas (Guilherme de Brito – Nelson Cavaquinho)
3 – Caminhando (Nourival Bahia – Nelson Cavaquinho)
4 – Minha festa (Guilherme de Brito – Nelson Cavaquinho)
5 – Mulher sem alma (Guilherme de Brito – Nelson Cavaquinho)
6 – Vou partir (Jair Costa – Nelson Cavaquinho)
7 – Rei vadio (Joaquim – Nelson Cavaquinho)
8 – A flor e o espinho (Alcides Caminha – Guilherme de Brito – Nelson Cavaquinho)
Se eu sorrir (Nelson Cavaquinho – Guilherme de Brito)
Quando eu me chamar saudade (Nelson Cavaquinho – Guilherme de Brito)
Pranto de poeta (Nelson Cavaquinho – Guilherme de Brito) participação: Guilherme de Brito
9 – É tão triste cair (Nelson Cavaquinho)
10 – Pode sorrir (Guilherme de Brito – Nelson Cavaquinho)
11 – Rugas (Garcêz – Ary Monteiro – Nelson Silva)
12 – O bem e o mal (Guilherme de Brito – Nelson Cavaquinho)
13 – Visita triste (Anatalicio – Guilherme de Brito – Nelson Cavaquinho)

66 – Caetano Veloso – Cinema Transcendental (1979)

maio 21, 2009

Mais um disco do Magnífico Caetano Veloso aqui na lista dos 100 Maiores Albuns da Musica Brasileira.
O título do disco foi extraído da canção Trilhos urbanos, no repertório. Atingindo a vendagem de cerca de cem mil cópias, trouxe canções antológicas de sua autoria, como Menino do Rio (sucesso na voz de Baby Consuelo, atual Baby do Brasil
), Lua de São Jorge, Beleza pura (que se tornou o grande hit do LP), e Cajuína, e uma exaltação à religiosidade com Oração ao tempo.
01 – Lua de São Jorge (Caetano Veloso)
02 – Oração ao Tempo (Caetano Veloso)
03 – Beleza Pura (Caetano Veloso)
04 – Menino do Rio (Caetano Veloso)
05 – Vampiro (Jorge Mautner)
06 – Elegia (Péricles Cavalcanti / Augusto de Campos)
07 – Trilhos Urbanos (Caetano Veloso)
08 – Louco Por Você (Caetano Veloso)
09 – Cajuina (Caetano Veloso)
10 – Aracaju (Tomás Improta / Vinicius Cantuária / Caetano Veloso)
11 – Badauê (Môa do Catendê)
12 – Os Meninos Dançam (Caetano Veloso)

Caetano Veloso – Cinema Transcendental

67 – Jorge Ben Jor – África Brasil (1976)

maio 12, 2009

Jorge Duílio Lima Meneses (Rio de Janeiro, 22 de março de 1942), conhecido como Jorge Ben e atualmente Jorge Ben Jor é um guitarrista,cantor e compositor popular brasileiro. Seu estilo característico inclui o samba, funk, rock, pop, maracatu, bossa nova, rap e samba-rock com letras que misturam humor e sátira. Inclui muitas vezes temas esotéricos nas suas canções.

A música de Jorge Ben tem uma importância única na música brasileira por incorporar elementos novos no suíngue e na maneira de tocar violão, trazendo muito do rock, soul e funk norte-americanos e ainda com influências árabes e africanas, que vieram através de sua mãe, nascida na Etiópia.

Suas levadas vocais e instrumentais influenciaram muito o sambalanço e fizeram escola, arregimentando uma legião não só de admiradores como também de imitadores. Foi regravado e homenageado por inúmeros expoentes das novas gerações, como Mundo Livre S/A (em “Samba Esquema Noise”) e Belô Velloso (“Amante Amado”).


África Brasil é o décimo quinto álbum do cantor brasileiro Jorge Ben. Foi lançado em LP em 1976.


Faixas:

1. Ponta De Lança Africano (Umbabarauma)
2. Hermes Trismegisto
3. O filósofo
4. Meus filhos, meu tesouro
5. O plebeu
6. Taj mahal
7. Xica da Silva
8. A história de Jorge
9. Camisa 10 da Gávea
10. Cavaleiro do cavalo imaculado
11. África Brasil (Zumbi)

Jorge Ben Jor – África Brasil (1976)

70 – Stan Getz e João Gilberto – Getz / Gilberto (1964)

abril 24, 2009

1964 é o ano de lançamento do disco que tornou a bossanova conhecida à escala mundial. O saxofonista americano Stan Getz e o guitarrista brasileiro João Gilberto formaram a dupla que fundiu o jazz e o samba num estilo inconfundível e cuja dimensão só pode ser compreendida devidamente mais de quatro décadas após a sua edição. A voz de Astrud Gilberto é o açúcar que nos vicia no género e adoça o consumar do amor ao som desta música. Os sons da bossanova são ternos e românticos, uma verdadeira linguagem universal do amor, com a extraordinária vantagem de serem cantados em português. Garota de Ipanema, Desafinado e Corcovado são os temas mais conhecidos do álbum, onde dominam composições de António Carlos Jobim, escritos a solo ou em parceria com Vinicius de Moraes.

A influência mundial do disco e a dimensão do fenómeno bossanova são comprovadas seguramente pelas centenas de artistas e versões dos temas mais conhecidos e o seu impacto na carreira de milhares de artistas dificilmente poderá ser comprovado apenas pelo número de vendas desta obra. A título de exemplo pessoal, quando conheci a Rebecca já ela ouvia bossanova, que posteriormente se revelaria numa influência decisiva na sua carreira musical.

Faixas:

1 – The Girl from Ipanema
2 – Doralice
3 – Para Machucar meu coração
4 – Desafinado
5 – Corcovado
6 – Só danço samba
7 – O grande amor
8 – Vivo Sonhando

Stan Getz e João Gilberto – Getz / Gilberto (1964)